ATA DA TRIGÉSIMA TERCEIRA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 12.11.1996.

 

Aos doze dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e noventa e seis reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas e trinta e oito minutos, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Boris Wainstein nos termos dos Requerimentos nº 51/96 (Processo nº 970/96), de autoria do Vereador Isaac Ainhorn. Compuseram a MESA: o Vereador Isaac Ainhorn, Presidente desta Casa, o Senhor Boris Wainstein, homenageado, o Desembargador Vasco Della Giustina, representante do Tribunal de Justiça do Estado, o Coronel Irani Siqueira, representante do Comando Militar do Sul, a Deputada Estadual Maria Augusta Feldmann, representante da Assembléia Legislativa do Estado, o Capitão Paulo Leandro, representante do Comando Geral da Brigada Militar, o Senhor Samuel Burd, Presidente do Conselho Geral das Entidades da Federação Israelita, o Senhor Hélio Neumann Santana, representante da Federação Israelita do Rio Grande do Sul e o Senhor Abrahão Loventhal, Presidente da B’nei Brith do Brasil. Em continuidade, o Senhor Presidente convidou a todos para que, em pé, assistissem a execução do Hino Nacional. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Isaac Ainhorn, como proponente e por todas as Bancadas dessa Casa, teceu considerações à respeito do reconhecimento internacional que o Homenageado conquistou ao longo do seu trabalho. O Vereador Antonio Hohlfeldt, pela Bancada do PSDB, discorreu sobre a dedicação que o Senhor Boris Wainstein teve durante todos estes anos com a comunidade. Logo após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Abrahão Loventhal, que agradeceu em nome da comunidade judaica esta homenagem, parabenizando o homenageado. À seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para que, em pé, assistissem a entrega das comendas e do “bouquet” de flores, feitos pelas Senhoras Bela, Simone e Dani, respectivamente. Em continuidade, o Senhor Presidente entregou aos Senhores Boris Wainstein e Abrahão Loventhal a obra comemorativa dos dez anos do prédio novo da Câmara Municipal “Porto Alegre a Beira do Rio e do Meu Coração”. Em prosseguimento foi concedida a palavra ao homenageado, que agradeceu a presente homenagem destacando a importância da sua esposa pelo apoio que ela tem dado ao trabalho que realiza. Às dezesseis horas e vinte e sete minutos, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a próxima Sessão Ordinária a ser realizada amanhã à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Isaac Ainhorn e Pedro Américo Leal e secretariados pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Antonio Hohlfeldt, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após ser distribuída em avulsos e aprovada será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.

ERRATA

 

ATA DA TRIGÉSIMA TERCEIRA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 12.11.96.

 

- O horário de encerramento da Sessão deve ser alterado de “dezesseis horas e vinte e sete minutos” para “dezoito horas e vinte e sete minutos”.

 

 

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada a homenagear, com a entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre, ao Sr. Boris Wainstein, a quem, desde já, convidamos a compor a Mesa dos trabalhos. Convidamos, também, a fazer parte da Mesa o Desembargador Vasco Della Giustina, que nesta oportunidade representa o Tribunal do Estado do Rio Grande do Sul; o Cel. Irani Siqueira, representante do Comando Militar do Sul; a Deputada Estadual Maria Augusta Feldmann, que representa a Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; o Capitão Paulo Leandro, que representa o Comando-Geral da Brigada Militar; o Dr. Samuel Burd, Presidente do Conselho-Geral das Entidades Judaicas do Rio Grande do Sul; o Sr. Hélio Neumann Santana, no exercício da Presidência da Federação Israelita do Rio Grande do Sul; o Sr. Abrahão Loventhal, Presidente da B’nei Brith do Brasil.

Dando continuidade à presente Sessão, gostaríamos que todos, em pé, ouvíssemos o Hino Nacional.

 

(É executado o Hino Nacional.)

 

Convidamos o Ver. Pedro Américo Leal para que assuma a Presidência dos trabalhos, a fim de que eu possa fazer uso da palavra.

 

O SR. PRESIDENTE (Pedro Américo Leal): Concedo a palavra ao Ver. Isaac Ainhorn, proponente desta Sessão Solene.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Prezado Ver. Pedro Américo Leal, que preside esta Sessão Solene. (Saúda os demais componentes da Mesa.) A presente homenagem se reveste de uma situação muito peculiar, de uma condição singular: a presença deste significativo público nesta homenagem. A outorga do título de Cidadão de Porto Alegre revela, inegavelmente, o carinho e o prestígio que goza no meio da sua comunidade. Sinto-me gratificado porque a presença deste público revela o reconhecimento do trabalho que Boris Wainstein realiza na sua comunidade.

Tenho tido um convívio muito próximo com Boris Wainstein, seja na Sinagoga União Israelita, seja nas diversas entidades e diversos conselhos de que ele participa. Na B’nei Brith do Rio Grande do Sul, ele tem sido uma figura incansável, permanente. Neste âmbito não só é reconhecido nacionalmente, e nos orgulhamos de dizer que a sua presença, o seu trabalho lhe dá reconhecimento internacional. Quem convive com ele sabe da sua simplicidade e do apoio que empresa a qualquer atividade comunitária, estendendo a mão ao próximo: ao lado disso, sobretudo, na B’nei Brith, uma instituição de natureza filantrópica, beneficente, e que luta em defesa dos direitos humanos, a figura de Boris Wainstein é reconhecida. Eu dizia que no exercício da minha atividade política, da minha ação comunitária, seja na B’nei Brith, na Sinagoga União Israelita, na Associação Israelita, na Federação Israelita e em todas as entidades, ele tem uma participação efetiva e decisiva. Faz parte do seu ser, da sua vida essa ação comunitária que tem o reconhecimento do conjunto da sociedade. Com absoluta tranqüilidade disse, quando preparamos e redigimos o texto do Projeto de Lei que se outorgava a Boris Wainstein a Cidadania de Porto Alegre, que foi para nós muito fácil a realização desse trabalho, porque a ação que ele desenvolve coincide com os propósitos de concessão e outorga desta honraria da Cidade de Porto Alegre, que foi aprovada pela Câmara Municipal e sancionada pelo Sr. Prefeito e transformada em lei.

Aqui, nesta Casa, a indicação, a proposição, o Projeto de Lei de outorga do Título de Cidadão de Porto Alegre, que exige, normalmente, dois terços de aprovação dos Vereadores, teve a unanimidade dos votos dos Vereadores da Câmara Municipal de Porto Alegre.

Esta Casa, ao outorga a cidadania a Boris Wainstein, faz um reconhecimento a sua comunidade, à qual, por suas raízes e pela sua condição judaica, está profundamente ligado. Mas ele também não só tem o reconhecimento da comunidade judaica, Ver. Pedro Américo Leal, mas do conjunto da sociedade.

Eu quero aqui dar um testemunho de um trabalho filantrópico que merece o reconhecimento. Ele não fala, mas, para que conste nos Anais e nos registros desta Casa, menciono que há poucos meses, por iniciativa da B’nei Brith Brasileira, cada um dos distritos da B’nei Brith deveria desenvolver um trabalho junto às populações carentes. E quem aqui, junto com Presidente desta Instituição, hoje, arquiteto Nilo Berlin, estava permanentemente junto a esse trabalho? Boris Wainstein. E assim tem transcorrido nos anos o trabalho que ele vem desenvolvendo. Eu, pela natureza do trabalho que desenvolvo, trabalho de natureza política, junto à comunidade judaica e junto à sociedade porto-alegrense e rio-grandense, tenho tido a oportunidade de estar junto a Boris Wainstein, vendo o seu trabalho e o apoio que ele dá às diversas entidades. A sua presença, o seu empenho, a sua luta têm sido permanentes. Tenho quase que a certeza de que cada um dos que aqui estão presentes e os que têm convivido com Boris Wainstein sabem do estilo tranqüilo de desenvolver a sua atividade, da palavra amiga, da ajuda permanente àqueles que vêm desenvolvendo um trabalho comunitário. E sempre quem recorre ao Prof. Boris Wainstein tem o seu apoio. São por essas razões. Por esse tipo de atividade na Hora Israelita, aos domingos, quando ele também emprestava e atuava com a sua presença e o seu apoio nas suas reuniões semanais, que eu, na condição de Presidente do Conselho da Associação Israelita, quando estava com dificuldades de reunir o Conselho dessa instituição, aceitei a sua idéia salvadora e formuladora de como motivar as pessoas para que as reuniões tivessem maior afluxo. E não deu outra; a fórmula proposta por Boris Wainstein resolveu o problema de reuniões daquela entidade.

Assim tem sido o seu cotidiano, o seu trabalho quase que diário junto à Associação Israelita, com seus trabalhos filantrópicos, benemerentes. Um reconhecimento especial que, aqui, deve ser feito: quem está sendo homenageado, neste momento, meu caro Professor Boris, quem está recebendo a cidadania porto-alegrense é o santa-mariense Boris Wainstein, junto com a rio-pardense Bela Wainstein: ambos estão neste momento recebendo esta homenagem. Homenagem da comunidade a que Boris Wainstein se encontra vinculado; homenagem da comunidade porto-alegrense; homenagem da representação política da Cidade de Porto Alegre. Eu não tenho dúvidas de que esta outorga, esta honraria só servirá para que Boris dê continuidade ao seu trabalho; como estímulo sei que isso reforçará o seu trabalho, que desenvolve desde jovem, quando esteve engajado nos movimentos comunitários.

É por isso, meu caro Professor e querido Amigo Boris Wainstein, que me sinto orgulhoso, como Vereador desta Cidade, por, ao apagar as luzes da minha condição de Presidente desta Casa, ter sido o autor deste Projeto de Lei; e fiz força e questão, durante o ano em que estive na Presidência deste Legislativo, de presidir e falar ao mesmo tempo, outorgando o Título de Cidadão de Porto Alegre ao Dr. Boris Wainstein. Portanto, esses são os registros, meu caro Professor e guia espiritual, Rubens Narvanovich, que gostaríamos de fazer nesta oportunidade. Juntos com muitos outros aqui presentes, acompanhando a trajetória de Boris Wainstein. Na vida pública eu e o Carrion Júnior conhecemos o trabalho que desenvolve Boris Wainstein em cada momento. Outro registro que gostaria de fazer, pensando na causa dos Direitos Humanos, pensando na causa da comunidade judaica, pensando no próximo, pensando nos mais sagrados ideais de justiça social: a cada escolha de uma que irá receber o prêmio de direitos humanos, sempre me lembro da palavra e da experiência de Boris Wainstein, que tem sido decisiva para a escolha que aqui é feita. Por isso estamos aqui neste Plenário lotado prestando esta homenagem. Muito obrigado, Boris Wainstein. Afirmo, em nome desta Casa Legislativa: quem honra o título é a tua pessoa, que, neste momento, recebe oficialmente esta honraria por força de uma lei que concedeu o Título de Cidadão de Porto Alegre. Há muito, a sociedade porto-alegrense e a sociedade judaica desta Cidade já havia reconhecido em ti os méritos necessários para que tivesses aqui esta homenagem. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

              O SR. PRESIDENTE: Restituo a direção dos trabalhos da tarde de hoje ao Ilustre Ver. Isaac Ainhorn, Presidente desta Casa, que agraciou o Prof. Boris Wainstein. Na verdade, foi uma honra eu ter participado, embora que por pouco tempo. (Palmas.)

 

              O Sr. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): O Ver. Pedro Américo Leal, em sua história, tem-se caracterizado, na sua vida pública de homem público, como um cavalheiro. Essas suas manifestações e seu estilo são a característica permanente do seu cotidiano aqui nesta Casa, apesar de alguns diálogos e alguns debates ásperos.

              O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra pelo PSDB.

 

              O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) Deixo, propositadamente, a saudação final da Mesa ao nosso homenageado, a quem quero, sobretudo, chamar de professor Boris Wainstein, porque é sobretudo nessa perspectiva que gostaria de iniciar essas pequenas palavras. Na Casa, muitas vezes, nessas Sessões, quando a figura do homenageado é por demais conhecida, poucos Vereadores falam, porque temos preferido, de modo geral, escolher aquele orador que melhor conhece ou mais se aproxima do homenageado. É evidente que, tanto por ser o autor quanto por conviver diuturnamente com o Professor Boris Wainstein , o Presidente da Casa e proponente, Ver. Isaac Ainhorn, é quem deveria ocupar o microfone. Depois pensamos igualmente que era importante, da mesmo forma que o homenageado havia dedicado um conjunto tão significativo de anos, não apenas à comunidade judaica, mas à comunidade do Rio Grande do Sul como um todo, que não apenas o Ver. Isaac Ainhorn falasse, como não apenas este presidisse os trabalhos desta Sessão. Como o Ver. Pedro Américo Leal substituiu o Vereador na Mesa, coube a mim, com muita honra, falar aqui em nome deste outro segmento que não integra diretamente a comunidade judaica, mas que deve igualmente ao professor Boris muito por tudo aquilo que ele fez ao longo da sua vida.

              Nós poderemos refletir que há três tipos de atividades que um homem ou uma mulher desempenham ao longo da sua vida: a atividade familiar, que é talvez a mais natural, aquela que de uma certa maneira, embora peça muito, também dá muito retorno, e institui uma espécie de rede de relações e faz com que nos sintamos plenamente realizados. Os círculos familiares, de um modo geral, são fortes em grupos que têm tradição cultural, étnica, entre os quais está a comunidade judaica, ou a comunidade da qual eu venho, que a comunidade alemã.

              Há um segundo nível de atividade, que é a chamada atividade profissional, que nos exige um pouco mais e que muitas vezes nos coloca inclusive em cheque com a relação com a família. São viagens que devemos fazer. Nós, na vida político-partidária, muitas vezes nos afastamos do convívio cotidiano, porque temos funções, representações e trabalhos que nos levam longe da família.

              Há um terceiro nível, que nem todos desenvolvem, que é o nível da atividade comunitária. Este, mais do que qualquer outro, exige doação. Muitas vezes, o que transmitimos e passamos, aquilo pelo qual nos sacrificamos, nem sempre tem o reconhecimento. É à perspectiva tripla da vida de Boris Wainstein que devemos hoje a presença tão significativa de todos vocês neste Plenário. Somam-se aqui a vida familiar, a  vida profissional e a vida daquele que abre mão, muitas vezes, do seu convívio familiar. Certamente Dona Bela vai saber contar muitas histórias nesse sentido. Muitas vezes, seu esposo saiu, e talvez ela tenha ficado preocupada, sobretudo naqueles dias difíceis que vivemos em anos recentes, porque ele tinha uma atividade cujo interesse não era dele, não era da família, nem profissional, mas de toda a comunidade.

              Não é por acaso que as pessoas se dedicam a esse tipo de atividade. O local de onde veio Boris, a maneira pela qual sua família chegou a este Estado, o lugar onde se fixou e a atividade profissional que escolheu são que vão compondo, de uma certa maneira, um retrato e determinam e antecipam aquilo que ele acabaria - não querendo - tendo que fazer.

              Considero que a história do Rio Grande do Sul foi marcada pela presença judaica - sobretudo no núcleo de Santa Maria - tendo como aliada a opção de um homem estrangeiro, buscando a adaptação. Afirmou-se exatamente numa profissão e numa atividade extremamente complicada: professor. Aquele que ainda não sabe tudo e se vê obrigado a ensinar a outros. E, ao ensinar a outros, vai multiplicando seu próprio aprendizado.

              Com humildade, Prof. Boris - eu também sou professor, bem como a Profa. Maria Augusta -, é esse o aspecto que quero aqui discutir e destacar, porque é ele, dentre outros, que, de uma certa maneira, me explica tudo o que vem depois. Quando alguém se dedica a uma atividade de defesa dos direitos humanos, como o senhor faz, através da B’nei Brith, a cargos numerosos, a funções que não têm remuneração - normalmente, só incomodação - em escolas, junto a jovens, em instituições, realmente, se tem um trabalho de professor permanente, que não só o pedagógico, imediato, de reproduzir ensinamentos, mas que é, sobretudo, de transmitir crenças, valores e expectativas de uma vida futura, da continuação de uma sociedade humana.

              É nesse aspecto, Prof. Boris, que quero, em meu nome particular, em nome da Bancada do PSDB, em nome de outros companheiros Vereadores que, junto com o Ver. Isaac Ainhorn, votamos esse Projeto, dizer que não é apenas um segmento da comunidade do Rio Grande do Sul, por mais importante que seja, que lhe agradece e lhe é devedor, mas nós todos somos devedores ao senhor pelo que fez ao longo desses anos por Porto Alegre e pelo Rio Grande do Sul. Que quero expressar o meu muito obrigado ao senhor, a Dona Bela e, sobretudo, a toda a sua família, que, talvez, muitas vezes foi privada da sua presença para que o senhor pudesse nos dar um pouco da sua capacidade. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

              O SR. PRESIDENTE: Com a palavra um convidado muito especial, o Sr. Abrahão Loventhal, Presidente da B’nei Brith do Brasil.

             

                   O SR. ABRAHÃO LOVENTHAL: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Há algumas horas, eu deixava meu escritório em São Paulo e recebi um telefone de alguém que queria saber para aonde eu ia. Eu disse que estava saindo de São Paulo para participar de uma festa. Quando eu disse que esta festa era em Porto Alegre, o outro lado ficou surpreso. Aí eu expliquei: “estou indo para prestigiar aquele que tem a maior das características que um ser humano pode ter: o nosso querido irmão Boris Wainstein, hoje publicamente reconhecido como Cidadão de Porto Alegre, mas, antes de mais nada, um grande amigo”.

              Os dois Vereadores que me antecederam traçaram características da personalidade do homenageado deste tarde, mas parece-me que é o lado da amizade, o lado daquele que nunca pensa em si e que está sempre pensando no próximo que temos que destacar. E eu, na qualidade de Presidente da B’nei Brith do Brasil, qualidade que me honra muito, sou testemunha de que este é um homem que se dá ao próximo. Querido irmão Boris, ser cidadão, ser reconhecidamente um Cidadão de Porto Alegre é uma situação invejada. Ser reconhecido pelo público pelo trabalho que praticou não só para a sociedade, mas como também para a sua comunidade e, principalmente, para esta terra maravilhosa, que é o Brasil, que nos apoiou, que deu a oportunidade aos imigrantes ou filhos de imigrantes de podermos ser cidadãos brasileiros! Antes de qualquer situação, Boris Wainstein é um cidadão brasileiro com muito orgulho. Eu tenho certeza de que estou transmitindo aquilo que cada um de nós está pensando. Neste momento, Sr. Presidente, permita-me expressas, publicamente, o reconhecimento a esta terra maravilhosa, que é o Brasil, que acolheu todos nós, imigrantes, e que hoje nos responde de uma forma tão humana e tão singela, conferindo este título ao nosso querido irmão Boris Wainstein.

              Neste momento, Boris e Bela, estou ocupando a palavra não só em nome próprio, mas em nome de todos da B’nei Brith International, e isso significa judeus de cinqüenta e quatro países. Somos um total de quinhentos mil membros. Também me permito saudá-lo em nome da comunidade judaica brasileira, porque, neste momento, todos nós estamos nos sentindo homenageados ao ensejo desta outorga, deste título conferido a você tão justamente. O povo de Porto Alegre, os judeus brasileiros, os brasileiros, neste momento, parabenizam você, Boris Wainstein, cidadão porto-alegrense. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

              O SR. PRESIDENTE: Convidaríamos agora, primeiramente, a Dona Bela para comparecer aqui na frente, por favor. (Pausa.)

              Gostaríamos que todos de pé assistissem à entrega das comendas.

 

              (Procede-se à entrega das comendas.)  (Palmas.)

 

              Vamos convidar a Simone e a Dani para fazer a entrega do buquê de flores. (Palmas.)

              Ainda, nesta oportunidade, quero entregar ao Prof. Boris uma obra comemorativa dos 10 anos do prédio da Câmara Municipal, chamada “Porto Alegre à Beira do Rio e em Meu Coração”. (Palmas.)

              Terei a oportunidade também de entregá-la ao nosso ilustre visitante paulista, que é também um gaúcho honorário pelas vezes que vem ao Rio Grande. (Palmas.)

              Neste momento da Sessão, o homenageado tem a oportunidade de fazer o seu pronunciamento.

              O Sr. Boris Wainstein está com a palavra.

 

              O SR. BORIS WAINSTEIN: (Saúda os membros da Mesa.) Demais autoridades presentes, muito dignos Vereadores, Senhores e Senhoras. Primeiramente, gostaria de fazer uma homenagem a minha esposa, porque se algo eu sou hoje, se estou recebendo esta honraria de Cidadão Honorífico de Porto Alegre, muito devo à sua cooperação e ao seu apoio.

              Senhoras e Senhores. (Lê.)

              “Quando nasce uma estrela, o céu se ilumina.

              Quando nasce uma cidade, é o fruto coletivo dum grupo, que novos horizontes procuram.

              É esse movimento, produto da natureza, em conjunto com a mão do homem, que faz nascer uma nova fonte de progresso.

              Porto Alegre teve seu nascimento envolto num manto de idealismo, que hoje floresce numa grande metrópole, orgulho do povo gaúcho.

              Em seu marco, a pujança de homens abnegados, imbuídos dos sentimentos de patriotismo, nos trouxeram até o atual apogeu.

              Esta cidade composta de corpo e alma tem um coração nobre e acolhedor, que a todos seus filhos procura dar proteção e carinho, bem como condições de vida, coerente com os Mandamentos de Deus, no mais alto nível de amor ao próximo.

              Portanto, fazer parte desta comunidade, que muito me orgulha e que neste momento me outorga o TÍTULO DE CIDADÃO HONORÍFICO DE PORTO ALEGRE, é um privilégio.

              É nesta qualidade que me proclamo um homem realizado, pois que maior comenda não esperava.

              No cotidiano do dia-a-dia que me é dado a luta constante, nas diversas entidades em que trabalho, quer na área religiosa, beneficente e fraterna, fazendo dum todo a religião de minha vida: praticar o bem, servir o meu semelhante, procurando minorar seu sofrimento, acompanhando sempre em todos os momentos que se fazem mister.

              Na área econômica, durante meio século, exerci minhas atividades na indústria e no comércio, abrangendo uma plêiade de colaboradores, a quem sempre procurei dar o máximo do meu apoio.

              Na área educacional, quando jovem, trabalhei com afinco, no magistério, fase áurea de minhas atividades, pois nada mais belo do que formar mentes jovens para um futuro promissor. Guardo fortes recordações dessa época.

              Na área comunitária venho atuando há muitos anos, exercendo cumulativamente cargos nas diversas entidades, para as quais me dedico em tempo integral.

              Pertencer a uma comunidade e poder trabalhar por ela, é uma das maiores dádivas que se pode ter.

              Só assim estaremos servindo a Deus e ao próximo.

              Quero voltar a dizer que para mim receber o TÍTULO DE CIDADÃO HONORÍFICO DE PORTO ALEGRE é uma grande honra, portanto quero expressar minha gratidão a esta insígne Câmara, ao mui digno Prefeito Dr. Tarso Genro, ao presidente da Câmara Dr. Isaac Ainhorn e demais Vereadores, resumindo meus agradecimentos com um poema de minha autoria intitulado PORTO ALEGRE.

 

PORTO ALEGRE

 

              Situadas às margens do Guaíba,

              És a cidade do mais belo pôr-do-sol,

              Ao raiar dum novo dia,

              Altaneira e alvissareira

              Figuras no horizonte

              Tal qual um cisne,

              A deslizar num lago,

              Brilhando a beira-rio,

              És ainda a mais linda ao entardecer.

              Porto Alegre, cidade dos meus sonhos,

              Amiga e acolhedora,

              Meu coração conquistaste,

              Tornando-te meu lar insubstituível,

              Pois que saudades tenho, ao ausentar-me

              Só em pensar deixar-te,

              Saudoso fico.

              Porto Alegre

              Enquanto vida eu tiver,

              Jamais te trocarei.

              Porto Alegre, glória eterna,

              Pendão de nosso Brasil,

              Orgulho de todos nós,

              És a mãe acolhedora

              De todos que a ti recorrem,

              Sendo o símbolo,

              De um povo amigo e fraterno.

                                           

                                                     Prof. Boris Wainstein”

             

 (Não revisto pelo orador.)

 

              O SR. PRESIDENTE: Gostaria, mais uma vez, de expressar o meu reconhecimento pessoal e reconhecimento desta Casa ao Prof. Boris e sua esposa. Realmente Porto Alegre é uma cidade singular: muitas pessoas poderiam escolher outro local para viver, mas sempre mantêm uma ligação com Porto Alegre. Porto Alegre é uma cidade acolhedora, amorosa, que envolve a todos nós. Depois de todas essas manifestações, reitero a certeza da escolha do nosso homenageado para receber essa honraria que cada Vereador pode, anualmente, uma única vez, promover, indicando um nome para conceder o Título de Cidadão de Porto Alegre.

              Sentimo-nos muito felizes nesta tarde, onde se inicia o pôr-do-sol típico e peculiar desta Cidade.

              Agradecemos a presença de todos. Muito obrigado.

              Está encerrada a presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h27min.)

 

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